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Orientações da OMS sobre Treinamento e Segurança em Acupuntura

por Eduardo. Tempo médio de leitura: aproximadamente 3 minutos.

Muitas são as opiniões a respeito de qual deve ser o treinamento para formar um Acupunturista. As opiniões correntes vão desde que a Acupuntura deve permanecer livre de regulamentação no Brasil, até que deve ser uma exclusividade da classe médica. Raramente uma opinião é emitida sem que algum interesse corporativista ou particular esteja envolvido.

Estamos disponibilizando para download o texto da Organização Mundial de Saúde chamado “Guidelines on Basic Training and Safety in Acupuncture”, ou em português “Orientações sobre Treinamento Básico e Segurança em Acupuntura”. O texto foi produzido em 1999, e o desconhecimento a seu respeito no país deveria causar surpresa, pois somos membros da OMS.

O documento é dividido em duas seções.
A seção I trata das recomendações da OMS para o treinamento de Acupunturistas. Abaixo reproduzimos o quadro que resume as competências e cargas horárias de treinamento recomendadas:

Categoria do Pessoal Nível de Treinamento Curriculum em Acupuntura (ACU) Curriculum em Medicina Ocidental (MED) Exames Oficiais Certificado
Acupunturistas (não-médicos) Curso completo 2000h 500h ACU MED ACU
Médicos qualificados Curso completo 1500h ACU
Médicos qualificados Treinamento limitado como necessário para a clínica não menos que 200h ACU
pessoal de Saúde Treinamento limitado para uso em atendimento primário varia de acordo com a aplicação desejada ACU

Chamamos a atenção para o fato de que a OMS prevê a formação de pessoal em 4 níveis:
1) O Acupunturista não-médico com treinamento completo, que atua autonomamente nos Sistemas Nacionais de saúde, cuja carga horária de treinamento deve ser de no mínimo 2500 horas (incluindo estágio), e inclui matérias sobre Medicina Ocidental;
2) O Médico com formação plena em Acupuntura, com 1500 horas de treinamento, que usa a Acupuntura em toda a sua extensão;
3) O Médico com formação limitada em Acupuntura, com no mínimo 200 horas de treinamento, que usa a Acupuntura apenas como um complemento à sua prática clínica;
4) e finalmente o pessoal com formação limitada em Acupuntura para atuação em serviços primários de saúde (Agentes de Saúde).
A seção I contém ainda recomendações sobre o conhecimento mínimo sobre matérias de Medicina Ocidental e sobre pontos de Acupuntura. A Seção II, por sua vez, traz recomendações sobre segurança nos procedimentos, higiene e prevenção de acidentes.

É claro que as orientações da OMS referem-se ao mínimo necessário para formar profissionais que possam atuar com segurança, por isto o título do documento contém o termo “Treinamento Básico“. Nosso objetivo ao divulgar o documento é provar ser falacioso o argumento de que um Acupunturista que não tenha formação prévia como Médico coloca em risco a saúde do paciente: o documento demonstra que a própria OMS já ponderou e concluiu sobre a questão. Boa parte dos cursos técnicos de Acupuntura legalizados nos Estados já respeita a carga horária recomendada e inclui as matérias necessárias sobre medicina Ocidental.
Por outro lado, acreditamos ser autoevidente que a criação de cursos superiores em Acupuntura no Brasil contribuirá sobremaneira para o aumento da qualificação profissional e do nível de conhecimento acadêmico sobre a matéria, estimulando a formação de Acupunturistas melhor equipados e impulsionando a pesquisa.

O documento da OMS pode ser baixado clicando no link: who-edm-trm-99-1.
A distribuição deste documento é livre. Acreditamos que divulgá-lo é um serviço para a profissão de Acupunturista e para o país. Esperamos que uma maior conscientização sobre as recomendações da Organização Mundial de Saúde contribua para levar os Profissionais de Saúde especializados em Acupuntura, os Técnicos Acupunturistas, e os nossos legisladores a um consenso que vise acima de tudo permitir que a população obtenha o maior benefício possível.

Comentários

  1. marcia venturato disse:

    Bom dia,
    Não tenho muito a dizer, apenas concordando que a capacitação de um acupunturista não exige o estudo da medicina convencional e a ponderação do assunto pela OMS é tranquilizador para quem tem o curso tecnico.
    Apenas saliento que devido a crescente procura por um tratamento complementar, no caso a acupuntura, as escolas especializadas deveriam oferecer um ensino tecnico de mais qualidade.Buscando sempre a excelencia de uma pratica de saude que consegue juntar a beleza da arte e a eficiencia de uma tecnica comprovada há milenios.
    Assim os profissionais podem oferecer a população um serviço sempre de qualidade .

  2. Regina H. Gomes disse:

    Para ser acupunturista não precisa estudar a medicina convencional, pois o estudo da MTC exige que conheça e entenda profundamente a energia QI que tem dois aspectos: Yin e Yang e os 5 elementos: Água, Fogo, Terra,Metal e Madeira; Anatomia de todo corpo e outros.
    Uma ótima escola, bom estágio e preocupação minuciosa com o resultado do paciente.
    Este procedimento é fundamental para aqueles que pretendem abraçar esta medicina milenar, com o proposito de ajudar apopulação viver bem e melhor.
    Portanto concordo com a preocupação da OMS em relação a competência dos profissionais. Fui vitima da Medicina Convencional. Hoje, beneficiada com a Acupuntura. Uma paciente.

  3. Sergio Guilhon disse:

    Antes de mais nada devemos ponderar o seguinte: A MTC surgiu quando nada do que se tem como recurso tecnológico existia. Outra coisa é que a Acupuntura é apenas um dos oito ramos da MTC. Mais uma é que: mesmo reconhecendo a abrangência da ação da Acupuntura temos que reconheçer que ela não é, nunca foi e nem nunca será absoluta em todas “sindromes”.
    E para finalizar, as diretrizes de Biossegurança em Acupuntura são passadas à todos os Acupunturistas que assim o desejarem, em cursos periódicos oferecidos pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, desde 2002. Inclusive no site da secretaria esta disponível a apostila para quem quiser baixar todo o conteúdo sobre o assunto.
    Não consigo ver o porque da resistencia de algumas pessoas em procurarem uma maior capacitação.
    Todos nós, independente da formação, devemos nos munir de um maior grau possível de conhecimento.

  4. Parabéns para vcs pela divulgação destas Diretrizes de Formação em Acupuntura, definidas pela OMS. Isso reforça a necessidade de uma regulamentação urgente da prática no Brasil, antes que ela seja furtada por poderes mercantilistas que sempre a viram como prática de curandeirismo e que agora como num passe de mágica tentam fazer dela um meio de vida. Estejamos todos atentos as “reservas de mercado”. Ela pode tirar do mercado profissional pessoas que durante décadas divulgaram e fortaleceram a prática da Acupuntura em nosso pais, foram leais aos princípios desta milenar arte de cura, perseveraram e superaram as críticas, a pouca aceitação, e que agora darão lugar aos mercadores da saúde. Ah! Isso está dando dinheiro, está na moda, corremos para lá! Ah! Aquilo está ganhando comprovação científica, corremos para cá! Percebam que falta lealdade de princípios! É hora de uma grande mobilização em nome da verdadeira Acupuntura no Brasil! Contem comigo!

  5. Jorge Avelino disse:

    Devemos considerar em primeiro momento que a acunpuntura chegou ao Brasil através de acunputuristas que não possuiam formação em medicina alopática e que o descredito por parte de outros profissionais da saúde era total até então.
    A formação em uma escola de acunputura é fundamental, pois é necessário conhecer a MTC na sua íntegra e saber que a fisiologia e semiologia chinesa não se fundamentam nos parâmetros da medicina alopática.
    Creio pois que há uma imensa gama de aplicações dos conhecimentos da MTC nas diversas áreas da saúde, conhecimentos estes que não devem ser de posse exclusiva de um determinado grupo de profissionais.
    A excelência do tratamento é para o paciente e ele somente ele deve escolher seus profissionais com bom senso.
    Fisioterapeuta

  6. Sávio Maia disse:

    Podemos sim nos adequar aos requisitos da OMS, mas precisamos de um padrão, sem nunca esquecer que temos excelentes profissionais (sem nível superior) que buscam com excelência o sucesso e reequilíbrio das energias do paciente.
    Uma legislação que adeque sem excluír os atuais terapeutas que são por sinal excelentes.
    Atenciosamente,
    Sávio Maia – Acupunturista

  7. Rafael Lopes disse:

    É com muita satisfação que me ligo aos nossos amigos Brasileiros.
    Sou terapeuta de Medicina Tradicional Chinesa, sou também professor em duas escolas onde leciono as cadeiras de Teoria geral de MTC e também de Diagnóstico.
    Em Portugal acabaram os trabalhos na especialidade por uma comissão para enquadrar a Acupunctura, Fitóterapia, homeopatia, Osteopatia, Quiropraxia e Naturologia no Dec Lei 45/2003 no serviço nacional de saúde. Não tem sido fácil as negociações com o Ministério da Saude de Portugal, até porque a classe médica neste caso a Ordem dos médicos portugueses tem constantemente posto entraves. A grande maioria dos profissionais que praticam em Portugal são considerados “para-médicos” e estão enquadrados na Lei nacional do Ministério do Trabalho. A qualidade profissional está cada vez a ser mais alta em especial aqueles que se formam em Medicina Tradicional Chinesa uma vez que aplicam todas as vertentes de base da MTC. Formaram-se em Portugal alguns médicos apoiados pela sua Ordem, mas só fazem acupunctura com diagnóstico ocidental ou alopático e isso é mau porque desvirtua a concepção olistica da Medicina tradicional Chinesa no seu todo.
    Estamos espectantes, porque os interesses instalados pela classe médica e até farmacêutica com os seus “lobbis” são poderosos, mas quando se oferecem serviços de saúde com qualidade como acontece com uma grande parte de profissionais de MTC iremos conseguir a aprovação oficial da nossa profissão e as escolas têm de estar preparadas para este desafio.
    Estou sempre ao dispor para troca de impressões

    O meu Email é; email hidden; JavaScript is required

  8. djalma cruz disse:

    quero parabenizá-los pelo portal,em particular quando divulgam as normas da OMS referentes a cursos de Acupuntura num momento que é importante para a acupuntura no país ,que de certo vai ser regulamentada em breve,pondo um basta aos que promovem de *cursos de fim de semana e agora de certificados de cursos online sem os requisitos mínimos para que se forme um profissional,desculpem mas estas observ.vem da prática de mais de vinte anos de acupuntura.

  9. djalma cruz disse:

    Completando o meu comentário anterior,Tenho certeza que aprovado o PLS 480 do Senado que regulamenta a Acupuntura no Brasil acaba-se com a terra de ninguém que tenhe sido a prática da mesma no país ,alguns certamente perdem mais quem ganha
    será o povo brasileiro que terá acesso a uma terapia eficaz e de baixo custo para o SUS !

    Djalma Cruz -acupunturista,e diretor do Núcleo de Acupuntura.

  10. Luiz Carlos Silva disse:

    É um prazer poder me pronunciar aos amigos e colaboradores da nobre profissão Acupunturista. O respeito ao paciente é a base e o princípio da atuação. Eu (e acredito que os demais profissionais de saúde) que faço pós-graduação em Acupuntura e detenho conhecimento Fisiológico, anatômico, biomecânico e cinesiológico, após compreender e aprender sobre diagnósitico e intervenção na Medicina Tradicional Chinesa – MTC, que difere em muito com a nossa medicina ocidental, sinto-me douto (capaz) dentro do ministrado pela Academia. E repudio a monopolização da Acupuntura, creio que os Chineses também. Sim a profissiionalização, a capacitação e não aos incapazes e leigos. A defesa é do direito de exercer a profissão os que realmente são capacitados dentro de uma formação, técnica ou superiora e não a monopolização de determinada profissão de saúde.

    Luiz Carlos Silva
    Fisioterapêuta
    Acupunturista

  11. Vilma Almeida disse:

    Acho que a capacitação do profissional é muito importante, inclusive de saber da medicina convencional.Uma prima fazia tratamento de acupuntura e estava com uma tosse que o acupunturista disse que não precisava usar remédio porque era emocional.Resultado é que ela teve que ser internada porque tava com pneumonia que se generalizou.Ela quase morreu e agora faz acupuntura com um médico.

  12. Savio Maia disse:

    Quando escrevi o primeiro comentário estava na faculdade de fisioterapia
    , Em abril de 2008 me tornei doutor pela WFAS e com isso posso
    Trabalhar mais livrimente. Precisamos nos qualificar cada vez mais para que
    Um dia possamos trabalhar com mais respeito.

  13. fernando j s santos disse:

    Sou formado pela WFAS, WFCMS e tambem com o professor Pan Yi Bo do IECHIN ( Instituto de Cultura e Medicina Chinesa do Brasil ) filiado a universidade de Pequim e Shangai.
    Gostaria de saber informacoes se existe algume registro da OMS para acupunturista, se ha como fazer a prova para te-lo
    obrigado

  14. Bruno Diniz Teixeira disse:

    Srs,

    Alguns comentários foram muitos oportunos em trazer à tona, o preconceito que e o acumputurista sofria pricipalmente nas décadas de 80-90(início). Agora o quadro esta se revertendo e o exeplo mais notório é o da classe médica (não quanto a classe em si mas a sua representação político-classista). Um exemplo que muito me marcou foi a de um chinês ao ser entrevistado no programa sem-censura na antiga TVE foi literalmente massacrado e extremamente desrespeitado em plena cadeia nacional no referido programa.
    O nome do médico chinês e do médico alopata eu desgaçadamente não lembro, mas o tratamento ao doutor chinês ficou marcado em minha memória.

  15. Adriano C. da Rocha disse:

    Com a devida lincença à comentarista, Sra. Vilma, digo que também é mto comum um médico fazer mal diagnóstico e tratar de forma equivocada. Esses causam mto mais prejuízos do que os acupunturistas de pouca experiência. De praxe, quando o problema é mais grave, o acupunturista não exclui o tratamento médico, muito pelo contrário. Se formos colocar os próprios traumas de profissionais mal qualificados para perseguir uma classe, imagino que a classe médica seria a mais perseguida.
    A defesa do profissional de acupuntura independente da medicina ocidental se dá pelo fato de serem conhecimentos distintos. Os paradigmas da medicina tradicional chinesa se diferentem da alopática ocidental. Uma não exclui a outras, mas também são independentes. Por isso que, reconhecendo essa distinção, a OMS se pronunciou reconhecendo como profissões distintas. A defesa do monopólio da medicina ocidental na prática da acupuntura é amplamente recriminada por ter caráter claramente mercantilistas.
    Os estudos sobre os benefícios da acupuntura só são realizados, em sua maioria, pelas faculdades de medicina porque a profissão ainda não foi reconhecida no Brasil. Uma vez tornada independente, será possível que a própria classe faça as mesmas pesquisas e comprove os benefícios da MTC.

  16. Celesthina disse:

    Sou formada em MTC-Acupuntura pela Universidade de Xiamen – China e sou favorável a liberdade de acesso as práticas da MTC-acupuntura em cursos técnico ou livre. No Brasil ainda são muito restritos os cursos de boa qualidade, mas ainda assim é melhor e os resultados mais efetivos que a atuação de médicos coorporativistas representados por entidades de interesses duvidosos – os batedores de agulha. Salvo exceções.